20 de dez. de 2011

COMPORTAMENTO ALIMENTAR INADEQUADO



COMPORTAMENTO ALIMENTAR INADEQUADO



Atualmente estamos vivenciando a modernidade e a praticidade em nosso dia a dia, isso não só inclui a tecnologia, mas também toda a alimentação. Nos últimos anos houve um grande crescimento de Bares, Restaurantes e Fast Foods. A gastronomia esta cada vez mais criativa, desenvolvendo nas pessoas paladares aguçados, incentivando o gosto pelo comer, e tornando assim o ato de comer algo bom e prazeroso.
O comportamento de “beliscar” ou “nibbling” o dia inteiro pequenas quantidades de alimentos, é um comportamento não saudável que provoca oscilações no peso corporal. Muitas pessoas apresentam “Craving”, significa desejo intenso por tipos de alimentos específicos, como chocolates, doces, bebidas alcoólicas, carboidratos, etc; ou “Snacks, comer coisas “lanchinhos” (bolachas, biscoitos industrializados, etc) entre as refeições. No entanto, nenhum se encaixa nos critérios de transtorno alimentar específico (MATOS apud FRANQUES et al, 2006).
O  Comportamento Alimentar Inadequado baseia-se em hábitos alimentares errados, dietas hipocalóricas, privação dos alimentos, padrão alimentar irregular, vontades e desejos impulsivos, dificuldade em sentir saciedade, falta de atividade física, enfim, todos esse comportamentos resultam em ganho de peso e posteriormente em obesidade. Um bom exemplo que apresento é quando o indivíduo, não tem o costume de consumir alimentos saudáveis e substitui refeições balanceadas por lanches pesados, salgados, frituras, etc. Devido a correria do dia a dia, acaba pulando horários nas principais refeições, burlando a fome, e quando conseguem tempo para comer acabam comendo quantidades exageradas e muito rapidamente, condicionando esses comportamentos aos hábitos errados. Agindo desta forma diariamente, estes comportamentos alimentares inadequados, desenvolverão sentimentos cada vez mais ansiosos e impulsivos, apresentando falta de controle sobre as vontades e os desejos, a incapacidade de lidar com frustrações, baixa autoestima, sentimentos de culpa, falta de habilidades sociais, isolamento e depressão. O comportamento se repete à medida que é reforçado pelas conseqüência que produz, como um aprendizado, mediado por estímulos reforçadores enquanto come e por estímulos negativos ou aversivos, depois de comer. Nem sempre discriminado ou percebido pelo obeso. Nesta fase o indivíduo parece que vive para comer. Esta pessoa estará contribuindo para desenvolver o Transtorno da Compulsão Alimentar.
Quando falamos em compulsão, a maioria das pessoas acredita apresentar este comportamento, o que na prática não se evidencia; esta palavra parece não ser precisa quanto ao seu significado. Outra questão é o uso da palavra compulsão indicando ser este um comportamento compulsivo. Falar na compulsão alimentar como algo compulsivo não se mostra totalmente adequado, pois este comportamento mais se assemelha a um problema de impulso, no qual a pessoa não importa, do que seria um comportamento compulsivo. Um terceiro problema é a ocorrência de duas denominações: compulsão alimentar e o “Transtorno da compulsão alimentar periódica”. Para o leigo, fazer a diferenciação entre compulsão alimentar e o “Transtorno da compulsão alimentar periódica” é bastante difícil e gera confusão. Dizemos que um indivíduo apresenta compulsão alimentar quando ele tem pelo menos o excesso alimentar com perda de controle, mas não preenche todos os critérios diagnósticos para o transtorno. A compulsão alimentar pode ser um comportamento eventual, que não apresenta incômodo ao indivíduo; pode também ser ela um quadro parcial (não preenche todos os critérios para o transtorno), que traz desconforto e geralmente leva o indivíduo a procurar tratamento. Por fim temos o transtorno, que é assim denominado quando o paciente, além de preencher todos os critérios diagnósticos, apresenta sofrimento e impedimentos na vida decorrentes desta patologia. (BORGES; JORGE, 2000).
Referências:

MATOS, M. I. apud FRANQUES, A.M. et al, 2006. Contribuições da Psicolgia na Cirurgia da Obesidade. Editora Vetor.



OBESIDADE MÓRBIDA



Obesidade, um termo vindo do latim obesus, ob=muito, edere=comer, é definida como aumento da quantidade de gordura corporal ou do tecido adiposo, tornando-se um dos principais problemas de saúde pública nos dias de hoje (MATOS, 2002).
A forma mais simples para diagnostica a obesidade é a formula recomendada pela Organização Mundial de Saúde. Essa formula é calculada dividindo-se o peso do paciente em kilogramas (Kg) pela sua altura em metros elevada ao quadrado (m2). O valor assim obtido estabelece o diagnóstico da obesidade e caracteriza os riscos associados conforme apresentado a seguir:

IMC (Índice de Massa Corporal)  =
Peso ( Kg )
Altura 2 ( m2 )
IMC ( kg/m2)
Grau de Risco
Tipo de obesidade
18 a 24,9 
Peso
Ausente
25 a 29,9 
Moderado
Sobrepeso ( Pré-Obesidade )
30 a 34,9 
Alto 
Obesidade Grau I
35 a 39,9
Muito Alto
Obesidade Grau II
40 ou mais
Extremo 
Obesidade Grau III ("Mórbida")








Durante muito tempo indivíduos obesos foram considerados como comedores compulsivos. Na sociedade em que vivemos a maioria das pessoas acredita, que todo individuo obeso apresenta um transtorno de compulsão alimentar, ou seja, “toda pessoa obesa é gorda porque come muito”,  ignorando desta forma as possíveis diferenças comportamentais, sociais dentre outros fatores que podem, ter sido como desencadeadores da obesidade.  Segundo o autor Segal, 2002, a obesidade é uma doença multifatorial, onde aspectos hereditários, metabólicos, ambientais, comportamentais e psicológicos interagem entre si. Ela pode sim, acarretar inúmeras complicações psicológicas e psiquiátricas. Porém por outro lado a obesidade não é resultado de conflitos psicológicos inconscientes.
Apesar da obesidade grau III (mórbida) apresentando no quadro acima, apesar de ser freqüente em pacientes que procuram a cirurgia bariátrica e acompanhada de várias comorbidades médicas, não deve ser vista como necessariamente associada a problemas de origem psicológicas (Oliveira & Yoshida, 2009). Segundo autora Oliveira 2009, acredita que é preciso enfatizar que essas interpretações requerem cautela quanto à generalização e rotulação destes pacientes.
No entanto, a obesidade, não é considerada uma doença psiquiátrica nem uma condição para um diagnóstico de Transtorno Alimentar, trata-se de uma condição física que advém de múltiplas causas e pode trazer variadas conseqüências emocionais e comportamentais. Assim, a obesidade mórbida poderia ser vista como causadora dos problemas psicológicos e não como uma conseqüência. É necessário avaliar dentro dos critérios do DSM IV se este paciente obeso apresente Transtorno de Compulsão Alimentar ou apenas hábitos e comportamentos alimentares inadequados que levaram a obesidade mórbida. 

Referências:

Matos, M. I., Aranha, L. S., Faria, A. N., Ferreira, S. R. G., Bacaltchuck, J. & Zanella, M. T. (2002). Binge eating disorder, anxiety, depression and body image in grade III obesity patients. Revista Brasileira de Psiquiatria, 24(4), 165-169. 

Oliveira, J. H. A. & Yoshida, E. M. P. (2009). Avaliação psicológica de obesos grau III antes e depois de cirurgia bariátrica. Psicologia Reflexão e Crítica, 22(1), 12-19. 

Segal, A. & Fandino, J. (2002). Indicações e contraindicações para realização das operações bariátricas. Revista Brasileira de Psiquiatria, 24(3), 68-72.

Psicóloga Ivanimeire Grossi